Morando desde 2001 na África, Alexandre Canhoni, que ficou conhecido como o paquito Xand do "Xou da Xuxa" nos anos 1990, está no Brasil para exames de rotina. Ele e a mulher, Giovana Canhoni, vivem em Niamey, capital do Níger e cuidam do Projeto Esperança Niger.
Lá tem hospital, mas é tudo muito precário. Estamos falando de um dos países mais pobres do mundo. Fazer uma endoscopia, por exemplo, é muito complicado.
Alexandre tem 19 filhos adotivos e estima que seu projeto cuide de aproximadamente 2 mil crianças.
- Sao 17 meninos e duas meninas. Uns já estao maiorzinhos. A mais nova tem 12 anos e o mais velho, já passou dos 20. Entao, enquanto estamos aqui, um cuida do outro. Na instituiçao fazemos um trabalho de nutriçao, temos quatro creches, duas escolas e um projeto na área do esporte. Vivemos de doaçoes, de trabalhos voluntários.
Ele diz que percebeu uma mudança - ainda que pequena - no país e relata o que mais marcou sua vida por lá.
- Ao longo desses anos, teve uma melhora, bem devagar. Hoje, as principais ruas já sao asfaltadas, mas no lugar onde eu moro, por exemplo, as vias sao de areia. Já vi crianças de 1 ano com 1,5 kg. Fora a fome, que sempre choca, teve surto de meningite, a fase da malária. Mas o que mais me pegou foi um ataque que sofremos no ano passado. Nossa base foi destruída - diz ele sobre o episódio no qual 45 instituiçoes foram incendiadas em Niamey durante as manifestaçoes contra as charges do profeta Maomé publicadas no jornal frances "Charlie Hebdo".
Alexandre conta que nao pensa de forma alguma retomar a carreira artística e relembra o envolvimento com drogas.
- Estava cansado do dia a dia, da rotina de shows. Do jogo de interesse. Até me incomoda pensar em voltar. Para o público, era uma coisa maravilhosa, mas mal conversava com meus colegas de grupo. Naquela época, experimentei de tudo (substâncias ilícitas), mas o efeito era sempre o contrário, me deixava para baixo. Nao enveredei para esse caminho e nunca precisei de droga ou bebida.
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